Principais Dermatoses Ocupacionais

Discussão em 'Artigos Jurídicos' iniciado por sutitaneo, 10 de Outubro de 2010.

  1. sutitaneo

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    Paraná
    PRINCIPAIS DERMATOSES OCUPACIONAIS
    3.1 Dermatites de contato por irritantes (DCI) CID - 10 L24
    Ao contrário das dermatites de contato alérgicas, não é necessário sensibilização prévia. A fisiopatologia das dermatites de contato por irritantes não requer a intervenção de mecanismos imunológicos. Assim, pode aparecer em todos os trabalhadores expostos ao contato com substâncias irritantes, dependendo da sua concentração e do tempo de exposição e da periodicidade do contato com o agente irritante. O contato freqüente com água, sabões e detergentes favorecem a irritação.
    O quadro clínico varia de acordo com o irritante, podendo aparecer sob a forma de dermatites indistinguíveis das dermatites de contato alérgicas agudas, até ulcerações vermelhas profundas, nas queimaduras químicas. A dermatite irritativa crônica é mais freqüente que a aguda ou acidental. Agressões repetidas, por irritantes de baixo grau, ocorrem ao longo do tempo. Nesses casos, a secura da pele e o aparecimento de fissuras são, freqüentemente, os primeiros sinais, que evoluem para eritema, descamação, pápulas, vesículas e espessamento gradual da pele. As dermatites de contato irritativas podem ser facilmente diagnosticadas pelas histórias clínica e ocupacional. Os testes epicutâneos ou patch test não estão indicados para o diagnóstico. Mas DCIs crônicas, que não respondem bem ao tratamento podem realizar o teste de contato para investigar sensibilização às vezes ao medicamento usado.
    3.1.1 Dermatite irritativa de contato forte (DICF)
    • Etiopatogenia
    Irritantes fortes são substâncias químicas que produzem, quando em contato com a pele, graves lesões inflamatórias, ao primeiro contato. A gravidade da lesão dependerá da toxicidade, do tempo de contato e da concentração do agente químico. O cimento,por ser abrasivo alcalino e altamente higroscópico, produz, quando em condições especiais de contato com a pele, ulcerações rasas e profundas. O tempo de contato da massa ou calda de cimento mais a pressão e atrito exercido pelo calçado e/ou vestuário contra o tegumento são fatores importantes no aparecimento destas lesões. A queda de cimento, calda de cimento ou de concreto, ou mesmo pó de cimento (ONUBA; ESSIET, 1986), em quantidade, dentro da bota ou do calçado, mais o atrito e pressão que ocorrerá na área de contato da pele com o cimento irão produzir inicialmente intenso eritema, posteriormente exulceração, ulceração e necrose na área atingida. Hannuksela (1976) descreveu ulcerações profundas na região patelar, cerca de 12 horas após a exposição, em sete operários que trabalhavam ajoelhados em contato com cimento úmido. A alcalinidade e o poder oxidante do cimento são fatores importantes na gênese dessas lesões ulceradas. Os fatores atrito e pressão são condicionadores, pois as lesões ocorrem com maior gravidade nos locais da pele onde existem estes fatores, mais acúmulo da massa de cimento ou concreto.
    • Quadro Clínico
    Horas após ter caído massa de cimento dentro das botas ou calçados, ocorre eritema com prurido, ardor, queimação. Já no dia seguinte, poder-se-á observar as lesões em fase ativa, exulceradas, ulceradas ou necrosadas, dependendo tão somente do tempo de contato e da alcalinidade
    do cimento ou concreto.
    – Principais aspectos clínicos das principais dermatites de contato
    Dermatite irritativa de contato (DIC). Ressecamento da pele na área de contato. Descamação com ou sem eritema. Pode evoluir com fissuras e sangramentos. É importante salientar que o processo irritativo irá depender do agente causal (vide abaixo a classificação dos irritantes conforme CID 10).
    Dermatite irritativa forte de contato (DIFC). Surge ulceração na área de contato com posterior necrose. Ardor, queimação e dor são sintomas presentes. O contato com ácidos,álcalis fortes são os principais agentes responsáveis. Outro agente importante é a queda de massa de cimento ou concreto dentro da bota, calçado ou luvas. Dermatite Alérgica de Contato (DAC) Presença de eritema, edema, vesiculação e prurido.Ao se cronificar, verifica-se a formação de crostas serosas às vezes com infecção secundária às vezes ocorre liquenificação (espessamento da pele). Observação: prurido, juntamente com os demais achados clínicos, é um bom indicador de Dermatite Alérgica de Contato (DAC).

    Tabela 4 – Principais dermatites de contato por irritantes e seus respectivos agentes
    Dermatite de contato por irritantes devido a detergentes (L24.0)
    Dermatite de contato por irritantes devido a óleos e gorduras (L24.1)
    Dermatite de contato por irritantes devido a solventes: cetonas, ciclohexano, compostos de cloro, ésteres, glicol, hidrocarbonetos (L24.2)
    Dermatite de contato por irritantes devido a cosméticos (L24.3)
    Dermatite de contato por irritantes devido a drogas em contato com a pele (L24.4)
    Dermatite de contato por irritantes devido a outros produtos químicos: arsênio, berílio, bromo, cromo, cimento, flúor, fósforo, inseticidas
    (L24.5)
    Dermatite de contato por irritantes devido a alimentos em contato com a pele (L24.6)
    Dermatite de contato por irritantes devido a plantas, exceto alimentos (L24.7)
    Dermatite de contato por irritantes devido a outros agentes químicos: corantes (L24.8)
    3.2 Dermatites alérgicas de contato (DAC) CID - 10 L23
    As DAC se manifestam como eczemas agudo ou crônico. Na fase aguda, são acompanhadas, freqüentemente, por prurido intenso e, nas formas crônicas, por espessamento da epiderme (liquenificação), com descamação e fissuras. Classificados como alérgenos, por já terem apresentado testes epicutâneos positivos, demonstrados cerca de cinco mil substâncias (DE GROOT, 1994). Tabela 5. A DAC corresponde a uma reação imunológica do tipo IV. A substância contactante é capaz de penetrar na pele e estimular o sistema imunológico do indivíduo a produzir linfócitos T que liberam várias citoquinas,
    provocando uma reação inflamatória. A DAC resulta de uma reação cutânea eczematosa, imunologicamente mediada por células-T, com resposta antígeno-específica tardia, a um antígeno hapteno em contato com a pele. Ao se afastar do contato com o alérgeno, pode haver remissão total do quadro, mas a hipersensibilidade
    latente permanece e reexposições voltam a desencadeá-lo_O período de incubação, após a exposição inicial, pode variar de cinco a 21 dias. No trabalhador sensibilizado, reexposto ao contato com um agente sensibilizante, é previsível o aparecimento de uma dermatite eczematosa no período de um a três dias e seu desaparecimento de duas a três semanas, cessada a exposição.
    Tabela 5 – Principais agentes causadores de Dermatites Alérgicas de Contato (DAC) CID - 10
    Dermatite alérgica de contato devido a metais (L23.0)
    Dermatite alérgica de contato devido a adesivos (L23.1)
    Dermatite alérgica de contato devido a cosméticos (fabricação/manipulação) (L23.2)
    Dermatite alérgica de contato devido a drogas em contato com a pele (L23.3)
    Dermatite alérgica de contato devido a corantes (L23.4)
    Dermatite alérgica de contato devido a outros produtos químicos (L23.5)
    Dermatite alérgica de contato devido a alimentos em contato com a pele (fabricação/manipulação) (L23.6)
    Dermatite alérgica de contato devido a plantas (não inclui plantas usadas como alimentos) (L23.7)
    Dermatite alérgica de contato devido a outros agentes (causa externa especificada) (L23.8).
    Características dos quadros crônicos:
    Os quadros crônicos são caracterizados por pele espessada, com fissuras, e podem agudizar nas reexposições ao antígeno. O diagnóstico e a caracterização como doença relacionada ao trabalho são feitos baseados na história clínico-ocupacional e no exame clínico. A identificação das substâncias alérgenas (para fins de diagnóstico e para prevenção de novos contatos e reexposição) pode ser auxiliada pelos testes epicutâneos ou patch tests.
    3.2.1. Tratamento e outras condutas
    3.2.1.1 Tratamento tópico
    • Adstringentes
    No estágio de vesículas e exsudação está indicado uso de compressas ou imersão dos pés e mãos em solução salina normal, água boricada ou permanganato de potássio. As lesões costumam secar em três dias.
    • Emolientes
    Indicados para recuperar a função de barreira da pele, reduzir o ressecamento e o prurido. Pode ser usado vaselina, cold cream, creme lanette. Acrescentar uréia somente quando a pele estiver íntegra, caso contrário
    pode ocorrer prurido e ardor. Orientar banho morno, sem bucha e com sabonete suave.
    • Corticóides tópicos
    A escolha da concentração, potência e veículo depende de vários fatores: tipo, estágio e localização do eczema, além da idade do paciente.
    Cremes ou loções: para lesões exudativas.
    Creme, gel ou loção: para áreas pilosas ou flexoras.
    Pomadas: para lesões secas e crônicas.Efeitos adversos ao uso de corticóides: atrofias cutâneas, telangiectasias, púrpura, estrias.
    Caso haja recidiva ao suspender o tratamento, principalmente quando se usa corticóide muito potente e se interrompe bruscamente o seu uso • disseminação ou infecção secundária: bacteriana, fúngica;
    • dermatite perioral, acne rosácea – quando usado no rosto;
    • sensibilização à fórmula ou ao próprio corticóide;
    • uso sistêmico: supressão do eixo adrenal – manifestações cushingóides.
    3.2.1.2 Tratamento sistêmico
    Se houver infecção secundária extensa poderão ser usados antibióticos tais como: eritromicina, cefalosporina, tetraciclina; e antifúngicos: fluconazol, cetoconazol, terbinafina, itraconazol.
    • Anti-histamínicos: para alívio do prurido: hidroxizine, loratadina, cetirizina.
    • Corticóides sistêmicos: indicados no tratamento da fase aguda das exacerbações graves.
    • Tratamento com psoraleno e UVA (PUVA). Esse tratamento é indicado para pacientes com dermatite crônica, generalizada
    – deve ser realizado em centros especializados.
    • Ciclosporina: a ação imunossupressora, apresenta toxicidade dose dependente, podendo ser utilizada somente sob supervisão de um médico com experiência no uso desta droga.
    Resumindo:
    - Cuidados higiênicos locais para prevenir a infecção secundária.
    - Tratamento tópico: corticóides e/ou antibióticos,
    emolientes, hidratantes.
    - Tratamento sistêmico:
    - Anti-histamínicos sistêmicos. Em casos mais extensos, deve-se empregar a corticoidoterapia sistêmica.
    O afastamento da exposição é essencial.
    - Em caso de infeção secundária usa-se: antibiótico tópico, ou sistêmico, dependendo da extensão das lesões.

    Suelen Queiroz(estudante de medicina da Universidade Federal do Paraná)
    autora da obra:Tratado de Toxicologia Ocupacional
    obra a venda nos sites:
    www.biblioteca24X7.com.br
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    dúvidas:
    e-mail:tratadodetoxicologiaocupacional@hotmail.com
    ou
    http://www.wix.com/sutitaneo/toxicologiaocupacional
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